terça-feira, 29 de junho de 2010

O tempo vivo;


Com o passar do tempo as novas responsabilidades e as novas experiências fazem nos perder no tempo, fazem os pensamentos tomarem conta de tudo e o passado e futuro é só o que temos e tudo o que nos sustenta a continuar vivendo. Nos perdemos na sensação de que amanhã vai ser melhor. Seria legal aprendermos a viver no tempo vivo em que as crianças vivem. Elas vivem o hoje e tudo no que pensam é em não pensar. Por isso não se cansam fácil, por isso conseguem fazer tantas coisas ao mesmo tempo. Se conseguíssemos ter essa magia a felicidade estaria a cada momento vivido e não no amanhã.

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca



As sensações;


Pessoa grande me disse que dentro do travesseiro não tem sonho; tem ácaros.
Ácaros, ácaros, sonho de ácaros.
Mas eu prefiro um nariz vermelho a um sorriso amarelo.
Até a amarelinha que pulei, hoje pode ser de outra cor pro meu filho.
Pessoa grande me disse que batatinha quando nasce não esparrama pelo chão; espalha a rama pelo chão.
Mas eu sonhei que eu era uma abóbora abobada.
Espantei espantalhos, espalhei espelhos, espelhei “espalhos”, pintei o rosto.
Não tive medo.
Acendi candelabros, lamparinas, lampiões, acendi velas nas bifurcações.
Eu me enfeitei com gravatas e caudas de pavões.
Eu fiz a diferença, mas eu sonho a igualdade.
Eu ganhei um canteiro inteiro.
Murcharam as flores que guardei.
Peguei catapora, peguei passaporte, não fui viajar.
Hoje eu ganhei a rosa do Pequeno Príncipe.
Tenho que cuidar.

o meu brincar;


Resgatar essas lembranças não é uma tarefa tão fácil assim. A memória se confunde com tanta coisa, misturada com tantos momentos que no fim, parecem uma coisa só. Mas não são. Afinal, para mim era o meu mundo todo. Nesse meu mundinho, as brincadeiras tinham épocas, às vezes brincávamos de corda (com aquelas musiquinhas legais) por semanas e semanas, durante todos os dias. Depois não queríamos nem ouvir falar porque agora era a vez do stop e dos joguinhos no papel.
Existiam aquelas que se brincavam a todos os momentos, como pega-pega e esconde- esconde (pique esconde em algumas regiões). E ao bater um papo com a avó, daquela cidadezinha, percebi que elas vêm de muito tempo e que nunca perdem a graça. Disse ela que suas brincadeiras eram todas na rua e que muito se caia, se chorava e se arrebentava : “-Quando um caía alguém sempre gritava: CHEEEEIIIRO!! Era um aviso de que alguém tinha cheirado o chão.” A minha também foi assim, trago comigo algumas marcas de infância viva. Mas aqui no condomínio as crianças não se machucam,os pais estão de olho sempre e prontos para salvá-los de qualquer atentado à sua saúde. Ah, que saco! E as histórias? E o orgulho de contar para os amigos que se arriscou fazendo uma coisa que até ficou com um machucado?
Hoje em dia as brincadeiras infantis mudaram muito em relação ao passado. As crianças de hoje se divertem com computadores e vídeo games, fazendo com que as brincadeiras de antigamente não chamem mais a atenção. A informação hoje em dia é em tempo real, o aprendizado das crianças é mais rápido, não existem barreiras de tempo ou de distancia para que qualquer um saiba o que está acontecendo.
Eu também brinquei de lego, onde os sonhos eram construídos de maneira livre, sem ninguém pra dizer que a casa vai cair se não tiver uma viga aqui. Brinquei de alerta, pé na bola, Barbie, casinha, escolinha (nessa eu sempre era a professora!), queimada, amarelinha, Cobra/cabra – Cega, cirandinha, brincadeiras de roda, estátua, passa - anel, telefone sem fio, bambolê e dançar e dançar!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O brincar de antes...


Uma das diferenças mais relevantes que consigo perceber entre o brincar de antes e o brincar de agora, é o espaço disponível a tal. A selva de pedras é tão grande, que não se pode mais sujar os pés de barro. Não se pode mais brincar de "fazer comidinha" com areia de verdade recolhida do quintal de casa. Falo isso pois velho de cidade pequena onde isso, mesmo hoje, ainda é possível.
Lá eu corria descalço, á vontade na grama e a minha unica preocupação era com os espinhos que podiam furar meu pé. Aqui na "cidade grande" as crianças correm pouco, não podem fazer barulho para não incomodarem os vizinhos do prédio ao lado ou acertar com a bola nos inúmeros carros do estacionamento.
Mas mesmo assim, a imaginação transborda pela pele dessas crianças (da cidade grande e da pequena) e assim elas transformam qualquer lugar em um espaço rico, cheio de espontaneidade e aprendizados.

Os criadores e a criatura;


Mas como lembrar de quando criança sem lembrar de todos os personagens?
Daí vem os ensinamentos, o certo e o errado, o pode e o não-pode, a mão na cabeça e a mão na bunda,os limites e as referências.

Mãe, por que o sorvete é de soja?
Mãe, por que eu não posso dormir sujo?
Mãe, me diz o que quer que eu seja
Mãe, me diz quem é você
Mãe, me diz quem é Fidel e o que é um Papa
Mãe como você faz pra voar?
Mãe por que não mata barata?